DANÇANDO NO ESCURO
Lars Von Trier, que acertou ao arriscar todas as fichas na escolha da islandesa Björk para o papel de Selma, uma imigrante da República Tcheca que se muda para os Estados Unidos durante a década de 60 para juntar dinheiro e bancar uma operação para o filho, Gene (Vladan Kostic). Trabalhando feito uma mula e morando num trailer vagabundo no quintal de um casal, Selma é a determinação em pessoa, evitando o flerte do altruísta Jeff (Peter Stormare) ou a própria dedicação ao filho. A explicação para tanto esforço está enraizada na própria construção da personagem, complexo e fiel até o fim. "O problema dele (do filho) é minha culpa. Eu quis tê-lo, mesmo sabendo que teria o mesmo problema que eu", diz, referindo-se ao segundo drama do filme: Selma está ficando cega aos poucos. Ela mal pode se manter no trabalho na fábrica, mal pode voltar para casa. Numa crítica mordaz ao industrialismo, Von Trier mostra que o ser humano muitas vezes é tratado como um robô. Dançando no Escuro consegue imprimir um ritmo triste e angustiante, que culmina num poço de desespero poucas vezes vistas num multiplex da vida. Exatamente por isso, o filme não busca meio-termo. Provoca o estômago, confronta o espectador com uma espécie de anti-musical desde o início (cinco minutos com a tela preta e somente a trilha sonora ao fundo) e acaba pedindo por uma opinião formada, seja contra ou a favor. E, acredite, você vai tê-la.
Dancer in The Dark, Dinamarca/Suécia, 2000
Direção: Lars Von Trier Com Björk, Catherine Deneuve, Peter Stormare, David Morse, Vladan Kostic, Cara Seymour. http://www.dancerinthedarkmovie.com
posted by All Euphoria @ 12:32 AM
4 Comments:
Eu que jah era fa da Bjork como cantora fiquei impressionada com ela atuando.
Eh simplesmente maravilhoso como o diretor consegue casar tao bem um musical com a historia q eh um drama soh...
Chorei tanto!! A historia eh mesmo muito linda!!
Dal,
eu adorei esse filme. E eh claro, fiquei revoltado! Realmente eh um soco na boca do estomago, mas mostra uma realidade que Hollywood nao gosta de pintar nos seus filmes. Nao sou assim tao fa da Bjork, mas nesse filme tenho de tirar o chapeu para ela. Gostei muito.
Chorei no escuro, qdo acenderam as luzes e fui assim ateh chegar no carro, lah na rua. Mas eu nao estava sozinha nessa, nao eh mesmo borings?!
Olha, eu ja falei em outros comentarios do meu fascinio por louquinhas e do meu lado tragico (tragicomico, shi?). Quando as duas coisas se juntam, sai de baixo.
A primeira vez vi "Dancando no Escuro" foi no cinema, pouco antes de embarcar pro Japao pela primeira vez. Sim, logico q ja tive um vislumbre da minha empreitada dekasseguica e chorei em dobro. (por favor, nao precisam me lembrar q nao tenho nenhum problema serio de vista e nem tenho filho precisando de tratamento medico urgente!)
Mas gente, nao acredito q vcs so lembram (ou mencionam) o lado pesadoe triste do filme! As cenas musicais (nem todas elas, eh verdade) dao um refresco tao grande a historia! Embora Lars Von Trier esteja criticando o genero (musical) como uma forma de manipulacao da America Malvada q ele (Von Trier) tanto repudia, eh de se imaginar se a vida de Selma/Bjork nao seria ainda mais tragica se nao pudesse escapar por alguns minutos pra esse mundo perfeito em q todo mundo canta e danca...(nossa, essa ultima sentenca ficou longa demais, mas nao vou reescrever nao!)
E tem tb aquela cena maravilhosa de Deneuve dedilhando sobre a mao de Bjork (ja bem ceguinha) para q esta tenha uma ideia da coreografia q acontece na tela do cinema!!!! Espetaculo.
E admito q as vezes me transporto para esse mundo de fantasia, eqto trabalho numa dessas fabricas entediantes daqui do Japao. Explicados, portanto, o alto indice de pecas defeituosas e demissoes nesses ultimos anos. Sim, porque se eles nao podem punir com enforcamento, vai com canetada mesmo. :P
Post a Comment
<< Home